terça-feira, 27 de outubro de 2009

O minotauro.

Eu não sinto prazer nas coisas pequenas.

Eu não consigo controlar meus pensamentos, meu humor oscila muito o dia todo, e mal posso esboçar fisicamente o que sinto. Compro coisas das quais me convenço, sem motivos realmente convincentes, por pensamentos que nem sei direito de onde vêm, que essas coisas são necessárias, quando na maioria das vezes são desnecessárias. Faço coisas das quais, por conta da ansiedade, descubro não ter significado algum em minha vida. Então fico num vazio que nem eu me aguento, passo por cima, engulo a seco minhas “besteiras” e mais tarde vou me arrepender do que fiz. É aí que penso, reflito e concluo a melhor saída, pois conheço as enormes mudanças que os pequenos atos acertados provocam na minha vida, mas no outro dia já sou outra pessoa e nem dou por falta dos pensamentos de ontem! Surpreendo-me agora, ao perceber tal distração, pois vejo que há falhas em minha “estrutura psicológica” (se é que posso chamar assim) que não possui uma base, um banco de dados confiável, do qual eu possa usufruir sem precipitar-me.

É incrível como o dia me leva de olhos fechados até o anoitecer, e a forma como convenço a mim mesmo (inconscientemente) que aquela situação desagradável deve continuar a acontecer até que um objetivo oculto se realize. A esse objetivo oculto identifico como sendo a ansiedade. Isso definitivamente estraga meu dia!!! A comida, eu engulo sem refletir e perceber o que como, e de que maneira como o que como. Tenho dores de estômago, e, as vezes, dores de cabeça. Me distancio do discernimento que o diálogo interno proporciona e passo o meu dia agindo de forma impulsiva, sem conseguir controlar o que se passa. Posso identificar esses problemas, porém não consigo vencê-los. Todos os dias faço tudo sempre igual, e isso me deixa ainda mais infeliz, irritado, desconcertado, envergonhado, inibido. Essa face da vida que me atrapalha, que me sufoca, que toma a frente das situações mais corriqueiras, por pequena e insignificante que seja, já tomou as rédeas de toda minha vida e se apresenta como face incontrolável e inconveniente, tendo a mim na palma da sua mão.

A guerra trás sofrimento?

A dor do amor é a que dói mais?

Será o dinheiro a solução para uma vida dura?

Existe algum sentido em repetir tudo de novo todos os dias?

Qual parte de mim é possível controlar?

Existe realmente esse pedaço em mim só meu?

Existe sentido na vida? E na ausência dela?, ou melhor:

Qual o objetivo deverá mover meu pensamento chulo?

O ser humano é o principal causador das suas feridas, e a vida vira um correr atrás da felicidade. Pois a cada dia que passa encontro mais motivos para me orgulhar do que possuo. Mas o fato de conhecer o privilégio de que dispunha nesta vida, há algo que causa um incômodo fora do comum.

Minha luta interna busca fora de mim as armas e as respostas para combatê-la. E é no dia-a-dia das emoções que perco todos os meus sentidos. A insônia também já me atrapalha muito, e minhas dores no pescoço e nos ombros parecem piorar a cada dia.

Já não sei mais o que fazer com essa adaga; canta o Chico Buarque: a qualquer momento PODE SER A GOTA D’ÁGUA.

Thiago de Letras.

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